Art Rio

Outubro 14 - 18, 2020 

A Bergamin & Gomide participa da ArtRio 2020 no estande D4, com obras de Amadeo Luciano Lorenzato, Camila Sposati, Giulia Puntel, Marcelo Cipis, Pedro Caetano e Tiago Mestre. A feira acontece de 14 a 18 de outubro na Marina da Glória no Rio de Janeiro, e também na plataforma online da ArtRio, de 15 a 25 de outubro.

 

Após participar nas edições anteriores da feira apresentando obras raras e históricas, pela primeira vez na ArtRio, a Bergamin & Gomide apresenta um estande composto majoritariamente por artistas contemporâneos.

 

Entre as obras estão pinturas, esculturas e uma instalação que se comunicam através da organicidade, abstração e da ressonância das cores; agrupadas, compõe o espaço expositivo criando um diálogo curioso e dinâmico.

 

A obra de Marcelo Cipis (1959), Baunilhamada, faz parte da série dos Tambores de 1996, que remete a estética de cartazes, nesse caso, um cartaz com tiragem de apenas um exemplar. Os Tambores apresentam formas bidimensionais, que, no entanto, aludem a uma perspectiva tridimensional com a criação desse volume ilusório. A fonte usada por Cipis, a Helvética, tem origem Suíça, é considerada uma das mais importantes do design no século XX e foi tema de exposição no MoMA em 2007. Já o nome Baunilhamada foi inspirado na culinária francesa, especificamente no crème brûlée, e segundo Cipis, no ingrediente mais importante da sobremesa, a baunilha!

 

A série Alfabeto Doce foi criada por Marcelo Cipis especialmente para a ArtRio, baseada nas cores primárias - amarelo, vermelho azul e preto -, as formas se direcionam da direita para esquerda, ao contrário do nosso alfabeto. Seu objetivo foi criar uma espécie de alfabeto baseado na linguagem geométrica, uma nova maneira de se comunicar através de figuras, caracterizado pela mobilidade de percorrer com liberdade o abstrato e o figurativo, sem que entrem em conflito.

 

A obra de Pedro Caetano (1979) artista representado pela galeria é caracterizada por uma iconografia emprestada dos registros da alta e da baixa cultura, com humor ácido e auto-depreciativo, as obras revelam ao mesmo tempo reverência e irreverência em relação aos cânones da arte.

 

Apresentamos pinturas e esculturas do artista como Niemeyer (2018), é uma homenagem a cidade do Rio de Janeiro, onde Pedro Caetano faz uma analogia entre a organicidade das formas do museu projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer e dos cogumelos - tema recorrente em sua obra -, inspirado pela estética surfwear. As obras Resistência Clubber e Batata Doce (2018) vêm de uma série de obras que representam formas circulares, representam a primeira conquista ainda na infância da prática do desenho, formas não abstratas e figurativas, algo que está entre a figuração e abstração. Resistência Clubber conta ainda com referências de um passado recente, dos discos de vinil e dessa coisa meio dark dos tempos de clubber.

 

A obra de Tiago Mestre (1978) está diretamente ligada à espacialidade e aos aspectos escultóricos da arte, o artista utiliza a escultura e a instalação para estabelecer diálogos entre espaço e objeto. A instalação Paisagem: Duas Cachoeiras e Uma Fumaça (2020), de Tiago Mestre, é um mural escultórico, feito em bronze fundido, produzido especialmente para a ArtRio. Nela, Mestre construiu uma paisagem primordial, um teatro da criação, que embora não possua uma narrativa conclusiva, coloca em cena diferentes elementos da natureza: a água que cai vigorosa das cachoeiras (com suas pedras, rochedos, cascatas) e a fumaça que ascende lentamente criando uma forma mutável e silenciosa. O sentido mais expressivo da natureza escultórica desta obra só é plenamente entendido na relação entre aproximação e afastamento do espectador, já que é nesse movimento que cada um dos elementos desta gramática rochosa ganha verdadeiramente expressão e autonomia.

 

Também apresentamos pinturas de Tiago Mestre, que representam um contra-campo que alimenta a sua pesquisa. A pintura - assim como o desenho - reside em um lugar menos programático e mais lúdico, uma ferramenta de negociação que permite o exercício do pensamento e da prática artística. A obra Dope (2019), cuja proposta parte inicialmente da pesquisa no campo escultórico, exemplifica o desdobramento da reflexão da experiência do real a partir do seu crivo pessoal, onde prevalece a vontade contínua de torná-la tanto ambivalente como sintética.

 

As obras de Camila Sposati (1972) selecionadas para o estande D4 fazem parte da série Phonosophia, um desdobramento do seu trabalho intitulado Teatro Anatômico da Terra, apresentado na 3ª Bienal da Bahia em 2014. Na série, Sposati propõe ao público um exercício de escuta através das obras que aludem a instrumentos musicais. Os instrumentos de argila remetem à estrutura do teatro e a uma reflexão sobre a amplificação da voz enquanto desenha as relações entre sons, sua materialidade e espiritualidade. Cada instrumento comporta espécies de três órgãos dos sentidos interligados: boca, ouvidos e uma câmara (força da gravidade). Eles são instrumentos para serem tocados a partir do tato, sentido fundamental para a cerâmica. Em Trompete Liber (2018), a artista criou uma obra sensorial: utilizando a argila como material, é composta por uma câmara circular e por três peças acopladas que, por estarem ligadas possibilitam a amplificação sonora do ambiente.

 

A pintura de Giulia Puntel (1992), Os Dias Estão Simplesmente Lotados (2020), dialoga com a série Jardim Elétrico, atualmente em cartaz na exposição Matrioshka na Bergamin & Gomide. As obras partem de um lugar fantástico, quase que suspenso, uma realidade em que as plantas ganham novas formas, cores e movimentos, que podem causar um certo tipo de estranheza. O movimento dessa natureza retratada na série por Giulia Puntel se expande tanto, que por vezes, ultrapassa o espaço da tela, transformando as molduras das obras em uma espécie de dança, viva e pulsante.

 

A condição sensorial e a expressão subjetiva das obras de Giulia Puntel sobrepõem sua habilidade formal com a pintura. As situações apenas insinuadas que surgem nas complexas composições pictóricas da artista suspendem identidades e naturalizações fáceis. As figuras distorcidas e criaturas sugestivas de suas telas hipnotizam quem as encontra.

 

Também foi exibida a obra sem título (1981) de Amadeo Luciano Lorenzato (1900), artista que pintou paisagens, naturezas mortas e cenas de lugares por onde passou, considerado um artista moderno e popular.