A Gomide&Co tem o prazer de apresentar Interiores, uma seleção de obras de médio formato do artista Marcelo Cipis (1959) na primeira edição da ArPa, que acontece entre os dias 1 e 5 de junho de 2022 no Complexo do Pacaembu, em São Paulo.
Iniciada no final da década de 1970, a prática de Cipis transita por diferentes linguagens e suportes incorporando pintura, desenho, colagem, instalação e escultura na sugestão de narrativas repletas de cores, formas e personagens.
Em seus Interiores, a referência a alguns movimentos da História da Arte é evidente: a visualidade surrealista de suas obras pode ser traçada ao L'Atelier Rouge (1911) de Henri Matisse, ao tratamento espaço-temporal do Cubismo e as formas do Suprematismo, passando pelas inovações na arquitetura e no design de Gerrit Rietveld. Nenhuma referência é gratuita: Cipis ironiza, inclusive, a própria narrativa que esses movimentos institucionalizaram. Assim como Fernand Léger, apelidado por Louis Vauxcelles de pintor "tubista", Cipis apresenta sua própria versão da história ao descrever uma de suas pinturas dentro do que chama de "Bolismo".
Suas personagens não são apenas humanas, mas plantas e formas que interagem com os diversos elementos gráficos – partes do corpo, linhas e cores – no plano pictórico. Elas contemplam a própria ideia de pintura e, elaboradas a partir de um jogo cromático que direciona o olhar, constituem um imaginário da meta-imagem: suas personagens, enquanto projeções de um observador, assumem contornos divertidos que instigam a contemplatividade e a identificação com uma mise-en-scène lúdica.
Partindo de detalhes sutis, como o uso da mesma cor para “emoldurar” a pintura desse universo interior e exterior, Cipis "brinca de Deus", cria espécies botânicas e organiza suas formas com o pretexto de aplicar e relacionar cores, que nascem do próprio percurso da pintura. Por fim, em sua Sala de Estar Moderna, todos os seus elementos se reúnem como se tomassem chá.
Desde sua fundação em 2013, a Gomide&Co atua com excelência na promoção e na divulgação da arte brasileira, participando das mais prestigiadas feiras nacionais e internacionais e apresentando uma programação conceituada de exposições rigorosamente construídas. Na primeira edição da ArPa, esperamos reapresentar ao grande público a obra de um artista singular que, em sua produção recente, mergulha em um contexto imaginativo do espaço interior, tensionando as ideias de "bem e mal estar" da cultura de imagens contemporânea.
Sobre Marcelo Cipis:
Com uma sólida carreira, o artista paulistano Marcelo Cipis (1959) transita por diversas linguagens como a pintura, desenho, colagem, instalação, escultura, entre outras. Formado em arquitetura pela FAU-USP, iniciou suas atividades como ilustrador editorial em 1977. Em 1982, viveu uma temporada decisiva na Europa, onde visitou diversos museus que mudaram seu olhar e sua relação com a pintura.
De volta a São Paulo, desenvolveu uma prática de pintura com Dudi Maia Rosa (1946). Em 1988, abriu sua primeira exposição individual na Galeria Documenta, em São Paulo. Participou da 20ª Bienal de São Paulo (1989) com a sala coletiva Arte em jornal e, em 1991, da 21ª edição do evento com a instalação Cipis Transworld, Art, Industry & Commerce, onde criou um estande de uma empresa multinacional fictícia. Participou da 4ª e 5ª edições da Bienal de Havana (1991 e 1994). Como ilustrador, ganhou o Prêmio Jabuti, em 1994, pela capa do livro Como Água para Chocolate, de Laura Esquivel, publicado pela Editora Martins Fontes.
Cipis é um artista versátil – ainda que o seu principal suporte seja o papel e a tela, não se deixa limitar pela superfície, buscando nos materiais suas múltiplas possibilidades. Desde os anos 2000, quando ganhou o importante prêmio da Fundação Pollock-Krasner em Nova York, expôs suas obras em galerias e instituições pelo mundo. Em 2019, participou com pinturas da série Drops na 14ª Bienal de Curitiba. Atualmente é representado pela galeria Gomide&Co, em São Paulo, onde realizou sua exposição individual mais recente, Enjoy, em 2021.