Art Basel OVR: Miami Beach: Influx

Dezembro 2 - 6, 2020 

Tomando como ponto de partida trabalhos produzidos pelo artista Pedro Caetano, o projeto “Influx” é inspirado nos movimentos e artistas que influenciaram a prática artística ao longo de sua carreira. Bergamin & Gomide apresenta obras de artistas como Andy Warhol, Carl Andre, Donald Judd, Isa Genzken, Jac Leirner, Martin Kippenberger, Mike Kelley e Tony Oursler e Pedro Caetano.

 

A obra de Pedro Caetano dialoga com o legado de artistas das principais correntes da arte do século XX - particularmente o minimalismo norte-americano e a geração de artistas que emergiu nas cidades de Colônia e Dusseldorf na década de 1970.

 

Caetano alia essas referências a elementos contemporâneos que, retirados de seu contexto original e imbuídos com um humor ácido, criam novas narrativas pictóricas ao explorar as dinâmicas de atribuição de valor na arte e na sociedade nos dias de hoje.

 

Os círculos são elementos recorrentes nas pinturas de Pedro Caetano, como na dupla de obras Unidade Darks (2020) e Unidade Sweet Delight (2020). Após aplicar diversas camadas de tinta, o artista cria a noção de contraste de cor que se torna visível com a marcação dos círculos sobre a tela. O resultado dessa confluência de elementos e técnicas se situa em uma zona de ambiguidade que revela uma atitude que é ao mesmo tempo de reverência e irreverência em relação aos cânones da arte.

 

Banana Ouro (2020) é um exercício caricato minimalista, Pedro Caetano usou apenas tinta amarela e lápis azul e verde para buscar profundidade e tridimensionalidade na pintura. Variando a quantidade de matéria em cada fileira de círculos sobre o linho, os respingos e falhas são deixados intencionalmente, contrapondo-se à precisão que o minimalismo exigiria.

 

Entre os destaques está Donald Judd (1928-1994), considerado um dos artistas mais importantes do século XX, cujas ideias radicais continuam a provocar e influenciar a arte, arquitetura e design. Judd criou instalações e esculturas em que considerava o próprio espaço um material tão essencial quanto as superfícies industriais com as quais seus objetos foram construídos - como na escultura de latão, cobre e acrílico (1969) apresentada na Art Basel Miami Beach - uma mudança que teve grande importância para a geração então emergente de artistas conceituais.

 

A artista alemã Isa Genzken (1948) transita entre o minimalismo e a arte conceitual, produzindo em uma grande variedade de suportes e técnicas. Com uma abordagem voltada aos materiais e à assemblage, suas esculturas totêmicas são criadas a partir da coleta e reconstrução de referências de uma profusão de fontes. Na série Weltempfänger (1987), em português "receptor universal", a artista apresenta espécies de rádios feitos de concreto que evocam considerações sobre como a comunicação é transmitida e recebida, e como decidimos o que se torna permanente ou temporário.

 

Minhas antenas também foram feitas para serem 'tentáculos', coisas que você estica para sentir algo, como o som do mundo e seus muitos tons.” - Isa Genzken

 

A obra Piss Painting (1978) faz parte da série de obras que podem ser consideradas as mais subversivas da trajetória de Andy Warhol (1928-1987), na qual experimentou a abstração com um toque de ironia. A forma estética alcançada pelo resíduo de fluido corporal - quando o ácido úrico reage à superfície - é um passo transgressor que posiciona a obra de Warhol entre os discursos que tratam das divisões sociais, da experimentação artística com o corpo, da arte abstrata e do erotismo.

 

Enquanto estudavam no California Institute of Arts em Los Angeles na década de 1970, Mike Kelley (1954) e Tony Oursler (1957) formaram uma banda de punk rock chamada The Poetics. Essa experiência na juventude contribuiu para ambos na criação de uma estética que rompeu com os paradigmas da arte conceitual e do minimalismo. Em 1996, Kelley e Oursler decidiram lançar um documento de suas obras de áudio desse período, o que resultou na produção de novos trabalhos como a instalação Singing Stop Sign (1997).

 

Enfant terrible da cena punk alemã, Martin Kippenberger (1953-1997) foi um artista prolífico que se recusou a escolher um suporte ou um estilo específico, produziu trabalhos como pintor, escultor, desenhista e designer gráfico. Para Kippenberger, um fragmento de um desenho poderia gerar a pintura, que por sua vez instigaria a escultura ou o convite da exposição ou o pôster, num gesto performático que expunha criticamente, e quase sempre ironicamente, um processo criativo incessante que pode ser observado nas duas obras de 1986 apresentadas na Art Basel Miami Beach.

 

Ao colidir com uma variedade de signos reconhecíveis, os trabalhos apresentados em Art Basel OVR: Miami Beach questionam ideiaspreconcebidas a respeito do papel social do artista e da própria arte.