Para a SP–Arte Rotas 2025, a Gomide&Co tem o prazer de apresentar um encontro entre as obras de Teresinha Soares (Araxá, MG,1927) e Valeska Soares (Belo Horizonte, MG, 1957), aproximando duas artistas de gerações distintas de uma mesma família cujas práticas, ainda que muito diversas, tensionam aspectos relativos a corpo, intimidade e desejo.
A seleção é composta por importantes séries realizadas por Teresinha Soares no final da década de 1960 em diálogo com a instalação Unhinged (2017), de Valeska Soares. Entre as obras de Teresinha, estão reunidas, por exemplo, as gravuras da série Pernas pra que te quero (1970), as pinturas de A mulher em 10 parágrafos (1968) e as pranchas serigráficas de Eurótica (1970), nas quais formas sensuais e fracionadas – pernas, seios, mãos, bocas e vultos – compõem imagens que celebram a liberdade erótica e vão de encontro às convenções sociais e morais do patriarcado brasileiro da época. Tais obras apontam para uma visualidade em que o corpo é desmontado e reconstruído, entre apagamentos e reconstituições, desejo e potência, e poderão ser vistas em um ambiente marcado pela presença da instalação de Valeska, composta por cabeceiras de camas articuladas em dobradiças, formando um labirinto aberto que desafia noções de frente e verso e propõe uma experiência espacial sensorial e instável.
Apesar de pertencerem a gerações e contextos distintos, Teresinha Soares e Valeska Soares estabelecem paralelos significativos em suas práticas artísticas, especialmente na forma como abordam memórias, afetos e pulsões. Ao desconstruírem fronteiras fixas – entre corpo e objeto, arte e vida, função e forma –, as artistas constroem universos visuais que desestabilizam narrativas normativas e ativam o sensorial como dimensão política.