Antoni Tàpies Espanha, 1923-2012

Autodidata, aprendeu sozinho a desenhar e a pintar ainda na escola e, na adolescência, teve seu primeiro contato com a arte contemporânea. Os passos iniciais como pintor foram dados no surrealismo, muito influenciado por Paul Klee e Joan Miró mas foi uma passagem efêmera e logo o artista passou a desenvolver seu estilo com a pintura matérica, uma tendência pictórica, difundida após a Segunda Guerra, onde o emprego de materiais não-artísticos passaram a ser incorporados nas obras. Tal informalismo, nada mais é que um “estilo” que substituiu a arte formal dos anos 1940/1950 e que só faria sentido se causasse espanto.  Em 1948, Tàpies ajudou a fundar o primeiro Movimento Pós-Guerra na Espanha, conhecido como Dau Al Set, movimento que estava conectado ao Surrealismo e ao Dadaismo.

  

Em 1953, Tàpies começou a trabalhar com técnicas mistas, processo considerado mais original para o universo artístico, tendo sido um dos primeiros a desenvolver arte dessa maneira. Argila e pó de mármore passam a compor suas pinturas, além de outros materiais como corda, faca, objetos diversos, papel, barbante e farrapos. A reputação internacional de Tàpies já estava bem estabelecida no final dos anos 1950 e, décadas mais tarde, viria a ser um dos artistas mais revolucionários do século 20, precursor de linguagens, formas e materiais, se tornando o autor de um vasto legado para a história da arte.

 

“Acredito que toda arte contemporânea foi influenciada pela arte não ocidental. Eu, porém, cheguei à arte oriental através de meu interesse pela ciência, em um momento em que estava curioso com a natureza, com a estrutura da matéria e com os problemas do espaço, do tempo e da causalidade. Tivemos uma espécie de decepção geral com a civilização ocidental. Ela nos levou a guerras terríveis e pegamos um pouco de birra da cultura ocidental; foi isso que me estimulou a estudar a filosofia e a cultura de outras civilizações, especialmente a da Índia, e de forma muito concreta a do budismo da China, a do taoísmo chinês e depois a do Japão”, revela Tàpies.

 

Toda a sua genialidade, estudos e conhecimentos o levaram a dar vida a materiais abandonados. Objetos descartados passam a ter novos significados em suas obras. Tudo adquire novas funções nas esferas ´mágicas´ de seus quadros e se articula sem aparente ordem ou racionalidade. Um escândalo à época, final dos anos 1940, Tàpies aplicava areia ou terra às pinturas à óleo, “de maneira muito espontânea e um pouco inocente, e foi um exagero...”, de acordo com o próprio o artista.

 

Antoni Tàpies também cria uma identidade artística por não conceber pinturas isoladas mas sim conjuntos, famílias de obras. “Assim que faço um quadro, coloco-o em seguida em outra sala. E o quadro seguinte que tenho que pintar, já o faço em função daquilo que foi o primeiro. Vou enlaçando as frases, digamos, e no fim está um conjunto em que tem uma harmonia expressiva, eu acho, e uma lógica interna. Ou seja, preocupa-me mais o desenvolvimento da arte em geral, e não o de um quadro de cada vez”, elucida o artista em entrevista concedida à Fabio Magalhães, em outubro de 2004.

 

O artista recebeu o Leão de Ouro na 45ª Bienal de Veneza, em 1993. Uma exposição retrospectiva foi apresentada na Galerie Nationale du Jeu de Paume em Paris e no Museu Guggenheim SoHo em Nova York em 1994-95. Em 2000, o Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía em Madri organizou uma grande retrospectiva da obra do artista. Tàpies faleceu em Barcelona, em 6 de fevereiro de 2012.