Vive e trabalha em Belo Horizonte, Brasil
Teresinha Soares é artista visual, poeta e cronista nascida em Araxá em 1927 e baseada desde a década de 1950 em Belo Horizonte. Com uma trajetória breve e contundente, sua produção artística concentrou-se entre 1966 e 1976, período em que participou de salões, mostras e três edições da Bienal de São Paulo (1967, 1971 e 1973). Sua obra se destaca pela afirmação de uma subjetividade feminina livre e politicamente engajada, articulando erotismo, crítica social e experimentação visual. Por meio de colagens, instalações, objetos e desenhos, Teresinha construiu um vocabulário próprio, que desafiava os padrões normativos da arte e da sociedade nas décadas de 1960 e 1970.
Antes de iniciar sua carreira nas artes visuais, teve atuação pioneira na política: foi a primeira mulher eleita vereadora em sua cidade natal. No final dos anos 1950, mudou-se para Belo Horizonte com o marido, Britaldo Soares, então diretor dos Diários Associados em Minas Gerais. Na capital mineira, iniciou sua formação artística por meio de cursos livres e oficinas voltados ao estudo e à prática das artes, com o desejo de profissionalizar-se na área. Em paralelo à atuação nas artes visuais, desenvolveu uma sólida trajetória como cronista, com textos publicados regularmente até o fim dos anos 1980 em três jornais da cidade. Parte desse material foi reunido e publicado no livro Acontecências: crônicas dos anos 60, 70 e 80 (Cobogó, 2018).
Entre suas exposições individuais, destacam-se Caixas e Óleos, na Galeria Guignard (Belo Horizonte, 1967); Amo São Paulo, na Galeria Art-Art (São Paulo, 1968); e Corpo a Corpo in Cor-pus meus, na Petite Galerie (Rio de Janeiro, 1971), então dirigida por Franco Terranova (1923–2013), galerista fundamental às vanguardas brasileiras. Décadas mais tarde, sua obra foi revisitada nas exposições Quem tem medo de Teresinha Soares?, no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand - MASP (São Paulo, 2017); em Teresinha Soares, no Palácio das Artes (Belo Horizonte, 2018) e finalmente em Um alegre teatro sério, na Gomide&Co (São Paulo, 2023). Tais exposições contribuíram para sua revalorização crítica e histórica no circuito da arte contemporânea.
Entre as exposições coletivas, participou de The EY Exhibition: The World Goes Pop na Tate Modern (Londres, 2015), que destacou experiências da pop art fora dos centros hegemônicos; Mulheres Radicais: arte latino-americana, 1960–1985 [Radical Woman: Latin American Art, 1960-1985] (Hammer Museum, Los Angeles, 2017; Brooklyn Museum, Nova York, 2018 e Pinacoteca de São Paulo, 2018), mostra de referência na revisão das contribuições femininas no período; e Pop Brasil: vanguarda e nova figuração, 1960–70 (Pinacoteca de São Paulo, 2022), dedicada à produção experimental do país naquele momento histórico.
Suas obras integram os acervos do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand – MASP, do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro – MAM Rio, do Museu de Arte da Pampulha – MAP e do Palácio das Artes, ambos em Belo Horizonte. Em 2023, foi uma das artistas retratadas no documentário Mulheres Radicais, dirigido por Isabel De Luca, ao lado de nomes como Cecilia Vicuña, Liliana Porter e Lenora de Barros.