Com um trabalho provocativo, Teresinha Soares é autora de uma obra que incomoda a alta burguesia sessentista. Justamente por conhecê-la desde dentro, a denunciava com rigor, tensionando a violência da sociedade patriarcal brasileira, nas cores pop e no diálogo explícito que estabelecia com correntes artísticas e políticas de seu tempo, mesmo que não se filiasse a nenhuma delas.
Assinadas ainda com o pseudônimo Therry, sem o sobrenome de seu marido, as obras da série nos remetem às vanguardas expressionistas europeias, mas com maior economia de cores e de elementos. As formas definem e contornam a corporalidade sensual e o gênero: são elas que nos guiam de maneira figurativa nas relações sexuais apresentadas nas telas. Com essas pinturas sobre papel, podemos acompanhar o rápido direcionamento de Teresinha às suas obras mais políticas, quando passa a abordar temáticas da violência contra a mulher, a prostituição e a liberação sexual.

With a provocative work, Teresinha Soares is the author of a work that bothers the high bourgeoisie of the sixties. Precisely because she knew it from the inside, she rigorously denounced it, tensing the violence of the Brazilian patriarchal society, in pop colors and in the explicit dialog she established with artistic and political currents of her time, even though she didn't affiliate herself to any of them.
Still signed under the pseudonym Therry, without her husband's last name, the works in the series remind us of the European expressionist avant-garde, but with a greater economy of colors and elements. The shapes define and outline sensual corporality and gender: they are what guide us figuratively in the sexual relations presented on the canvases. With these paintings on paper, we can follow Teresinha's fast direction to her more political works, when she starts to approach themes of violence against women, prostitution and sexual liberation.

(Eduardo Vasconcellos)