Alex Cerveny's approach to painting does not end in the order of the symbolic, but in the pure interlocution between the different references that its surfaces evoke. Feeding on the history of art, religions and their inevitable blasphemies, literature, music, and the contemporary culture of newspapers and soap operas, Cerveny has elaborated his own affective vocabulary that consolidates his memories and subjectivities through the fragmented composition of a liquid time. His series of 18 x 24 cm paintings in acrylic and oil are thought of as ex-votos, objects imbued with spiritual value, reappropriated by modernity through their exhibition value. As in the painting, they consolidate a spiritualized narrative present in the Brazilian popular imaginary.

In Bósforo (2022), an allusion to the Bosphorus strait that divides the city of Istanbul in half, inscribing the idea of East and West, is accomplished. Human history is marked by the strive to move forward, ahead, and the attempt to organize human experience within a possible scale of apprehension. In Bósforo, the human figure attempts to cross the strait, but drowns, or at least despairs at the possibility. The reference to Istanbul is not gratuitous either: ancient Constantinople marks the dissolution of the Roman Empire, inscribing this symbolism as a key to the reading. The "drowned one", the figure half mermaid, half castaway, is swallowed by the channel, just as History, here with a capital H, swallows humanity.

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O tratamento que Alex Cerveny dá à pintura não se encerra na ordem do simbólico, mas na pura interlocução entre as diferentes referências que suas superfícies evocam. Alimentando-se da história da arte, das religiões e de suas inevitáveis blasfêmias, da literatura, música, além da cultura contemporânea dos jornais e novelas, Cerveny elaborou um vocabulário próprio, afetivo e que consolida suas memórias e subjetividades através da composição fragmentada de um tempo líquido. Sua série de pinturas de 18 x 24 cm em acrílica e óleo são pensadas como ex-votos, objetos imbuídos de valor espiritual, reapropriados pela modernidade através de seu valor expositivo. Assim como na pintura, consolidam uma narrativa espiritualizada presente no imaginário popular brasileiro.

Em Bósforo (2022), uma alusão ao estreito de Bósforo que divide a cidade de Istambul ao meio, inscrevendo a ideia de Oriente e Ocidente, é realizada. A história da humanidade é marcada pelo esforço em frente, avante, e pela tentativa de organizar a experiência humana dentro de uma escala de apreensão possível. Em Bósforo, a figura humana tenta atravessar o estreito, mas se afoga, ou ao menos se desespera com a possibilidade. A referência a Istambul também não é gratuita: a antiga Constantinopla marca a dissolução do Império Romano, inscrevendo esse simbolismo como chave de leitura. O "afogado", a figura meio sereia, meio náufraga, é engolida pelo canal, assim como a História, aqui com H maiúsculo, engole a humanidade.