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Maria Lira's Bichos do Sertão [Creatures from the Backlands] represent imaginary animals presented in unfussy and striking compositions. Derived from a combination of the animals in her surroundings and the fantastic animals she imagines, her works are created in a chromatic arrangement of earthy tones and contrasting relationships between light and dark areas. They also create a strong sensory impact with their rough textures that evoke the backlands. The artist says she has always preferred "earth paint" to conventional paints, which "like the clay used in my ceramics, was full-bodied and had the colors of the Valley".

“I've always loved animals and, at home, we always raised lots of animals - dogs, cats, goats, chickens and pigs, which, when I was little, were the poor man's money. We've always been connected to nature. But these animals that I started drawing were others that came flying into my imagination and that have always been part of me - so much so that, in the beginning, when people wanted to buy the paintings, I wouldn't sell them, because every animal I put into the world was like my own child."

LIRA MARQUES, Maria. Nada se aprende sozinho. In: Barro. São Paulo: Instituto Tomie Ohtake, 2024 – p. 37-38

PT

Os Bichos do Sertão de Maria Lira representam animais imaginários apresentados em composições despojadas e impactantes. Derivadas de uma combinação entre os animais de seu arredor e os animais fantásticos que imagina, suas obras são criadas em uma disposição cromática de tons terrosos e relações de contraste entre áreas claras e escuras. Também criam forte impacto sensorial com suas texturas ásperas que evocam a paisagem sertaneja. A artista afirma que sempre preferiu a “tinta da terra” às tintas convencionais, que “assim como o barro que usava nas cerâmicas, era encorpada e tinha as cores do Vale”.

“Eu sempre gostei dos bichos e, lá em casa, nós sempre criamos muitos animais – cachorros, gatos, cabras, galinhas e porcos, que, na minha época de pequena, eram o dinheiro do pobre. Nós sempre fomos ligados à natureza. Mas esses bichos que eu comecei a desenhar eram outros que vinham voando na minha imaginação e que sempre foram parte de mim – tanto que, no início, quando as pessoas queriam comprar as pinturas, eu não vendia, porque cada bicho que eu colocava no mundo era como se fosse um filho meu.”

LIRA MARQUES, Maria. Nada se aprende sozinho. In: Barro. São Paulo: Instituto Tomie Ohtake, 2024 – p. 37-38