Lenora de Barros Brasil, b. 1953
Retromemória [Retromemory], 2022
Metal, espelhos retrovisores de dimensões variadas com impressão em vinil adesivo e som [Metal, rear-view mirrors in various sizes with adhesive vinyl printing and sound]
780 x 650 x 350 cm [307 1/2 x 256 x 138 in.]
LDB-0081
Cauê Alves, 2022 O trabalho de Lenora de Barros para a sala de vidro do MAM estabelece um diálogo com a obra Aranha, 1996, de Louise Bourgeois, que esteve em...
Cauê Alves, 2022
O trabalho de Lenora de Barros para a sala de vidro do MAM estabelece um diálogo com a obra Aranha, 1996, de Louise Bourgeois, que esteve em comodato no museu e foi exibida por cerca de 20 anos nesse mesmo local. A obra se relaciona diretamente com o jardim de esculturas do museu na área externa.
A artista desdobra o diálogo que tem estabelecido com artistas mulheres como Lygia Clark, Yoko Ono, Cindy Sherman e Méret Oppenheim em uma conversa retroativa com Louise Bourgeois. A partir da memória do lugar, de espelhos retrovisores, de imagens, de poemas e de sons, Lenora de Barros constrói uma grande aranha de metal que ativa o passado recente. Além de tocar na história das exposições do MAM, a instalação envolve aspectos verbais (visuais e sonoros) integrando o gráfico e o fonético da palavra, o que se aproxima da dimensão verbivocovisual inventada pelo poeta irlandês James Joyce.
Retromemória, 2022, recorre à tradição concretista e revê, do ponto de vista contemporâneo, a arte construtiva. No momento em que o MAM apresenta em sua programação a segunda geração da arte moderna e a abstração geométrica, Lenora de Barros nos faz pensar sobre as obras que já foram exibidas no museu, nos ajudando a superar as perdas e enfrentar os desafios do presente. As imagens refletidas pelos espelhos que formam a aranha são como duplos, representações que reproduzem o mundo visível e projetam luzes e sílabas do poema pela sala. O título do trabalho é decomposto e ecoam pelo museu palavras como “memória”, “aranha”, “emaranha” que se entrelaçam e produzem outros sentidos.
O espelho é esse objeto enigmático, que mesmo estando fora de nós, nos ajuda a nos compreender melhor, seja para olharmos para dentro, seja para seguir em frente. Como o mundo parece cada vez mais acelerado, andar em alta velocidade exige que a gente possa enxergar os pontos cegos, o que está atrás, sem ter que virar o corpo para o que já passou. Mesmo que às vezes pareça que tudo está andando para trás, Retromemória não trata de um retorno ao passado, tampouco de uma nostalgia, mas da construção de memórias e estímulos para que a gente possa caminhar em direção ao futuro.
-
Lenora de Barros' work for the MAM's glass room establishes a dialogue withLouise Bourgeois' Spider, 1996, a work which had been on loan at the museum and was exhibited for about 20 years there. The work relates directly to the museum's Sculpture Garden in the external area.
The artist unfolds the dialogue she has established with women artists such as Lygia Clark, Yoko Ono, Cindy Sherman, and Méret Oppenheim in a retroactive conversation with Louise Bourgeois. From the memory of the place, from rearview mirrors, images, poems, and sounds, Lenora de Barros builds a giant metal spider that activates a recent past. Besides touching on MAM's exhibitions history, the installation engages with verbal features (visual and sound) integrating the graphic and the phonetic of the word, which is close to the verbivocovisual dimension invented by the Irish poet James Joyce. Retromemória [Retromemory], 2022, draws on the concretist tradition and revisits constructivism art from a contemporary point of view. While MAM's program includes the second generation of modern art and geometric abstraction, Lenora de Barros makes us ponder on the works exhibited at the museum, helping us overcome the losses we suffered and address the present challenges. The images reflected by the mirrors that form the spider are like doubles, representations of the visible world, the fragmented movement of memory, projecting lights and poem syllables across the room.The title of the work is decomposed, and words such as "memory," "spider,""tangle" reverberate through the museum, intertwining and producing new meanings.
Although it is outside us, the mirror is that mysterious object by which it helps us to better comprehend ourselves, either by looking inwards or by moving on. As the world speeds up, moving at a high pace requires one to see the blind spots and what lies behind them without looking back at what has already passed. Even though it occasionally seemed that things had gone backward, Retromemória is not about a return to the past, nor is it about nostalgia, rather it is about the construction of memories and stimuli to help us move towards the future.
O trabalho de Lenora de Barros para a sala de vidro do MAM estabelece um diálogo com a obra Aranha, 1996, de Louise Bourgeois, que esteve em comodato no museu e foi exibida por cerca de 20 anos nesse mesmo local. A obra se relaciona diretamente com o jardim de esculturas do museu na área externa.
A artista desdobra o diálogo que tem estabelecido com artistas mulheres como Lygia Clark, Yoko Ono, Cindy Sherman e Méret Oppenheim em uma conversa retroativa com Louise Bourgeois. A partir da memória do lugar, de espelhos retrovisores, de imagens, de poemas e de sons, Lenora de Barros constrói uma grande aranha de metal que ativa o passado recente. Além de tocar na história das exposições do MAM, a instalação envolve aspectos verbais (visuais e sonoros) integrando o gráfico e o fonético da palavra, o que se aproxima da dimensão verbivocovisual inventada pelo poeta irlandês James Joyce.
Retromemória, 2022, recorre à tradição concretista e revê, do ponto de vista contemporâneo, a arte construtiva. No momento em que o MAM apresenta em sua programação a segunda geração da arte moderna e a abstração geométrica, Lenora de Barros nos faz pensar sobre as obras que já foram exibidas no museu, nos ajudando a superar as perdas e enfrentar os desafios do presente. As imagens refletidas pelos espelhos que formam a aranha são como duplos, representações que reproduzem o mundo visível e projetam luzes e sílabas do poema pela sala. O título do trabalho é decomposto e ecoam pelo museu palavras como “memória”, “aranha”, “emaranha” que se entrelaçam e produzem outros sentidos.
O espelho é esse objeto enigmático, que mesmo estando fora de nós, nos ajuda a nos compreender melhor, seja para olharmos para dentro, seja para seguir em frente. Como o mundo parece cada vez mais acelerado, andar em alta velocidade exige que a gente possa enxergar os pontos cegos, o que está atrás, sem ter que virar o corpo para o que já passou. Mesmo que às vezes pareça que tudo está andando para trás, Retromemória não trata de um retorno ao passado, tampouco de uma nostalgia, mas da construção de memórias e estímulos para que a gente possa caminhar em direção ao futuro.
-
Lenora de Barros' work for the MAM's glass room establishes a dialogue withLouise Bourgeois' Spider, 1996, a work which had been on loan at the museum and was exhibited for about 20 years there. The work relates directly to the museum's Sculpture Garden in the external area.
The artist unfolds the dialogue she has established with women artists such as Lygia Clark, Yoko Ono, Cindy Sherman, and Méret Oppenheim in a retroactive conversation with Louise Bourgeois. From the memory of the place, from rearview mirrors, images, poems, and sounds, Lenora de Barros builds a giant metal spider that activates a recent past. Besides touching on MAM's exhibitions history, the installation engages with verbal features (visual and sound) integrating the graphic and the phonetic of the word, which is close to the verbivocovisual dimension invented by the Irish poet James Joyce. Retromemória [Retromemory], 2022, draws on the concretist tradition and revisits constructivism art from a contemporary point of view. While MAM's program includes the second generation of modern art and geometric abstraction, Lenora de Barros makes us ponder on the works exhibited at the museum, helping us overcome the losses we suffered and address the present challenges. The images reflected by the mirrors that form the spider are like doubles, representations of the visible world, the fragmented movement of memory, projecting lights and poem syllables across the room.The title of the work is decomposed, and words such as "memory," "spider,""tangle" reverberate through the museum, intertwining and producing new meanings.
Although it is outside us, the mirror is that mysterious object by which it helps us to better comprehend ourselves, either by looking inwards or by moving on. As the world speeds up, moving at a high pace requires one to see the blind spots and what lies behind them without looking back at what has already passed. Even though it occasionally seemed that things had gone backward, Retromemória is not about a return to the past, nor is it about nostalgia, rather it is about the construction of memories and stimuli to help us move towards the future.