[PT]

Contestadora das práticas machistas nas relações que a cercavam, Teresinha Soares nunca deixou de lutar contra os altos índices de feminicídio que sempre assolaram nosso país. Por mais que tenha se evidenciado estéticamente em obras posteriores, como nas Acontecências (1966-67), Teresinha jamais deixou de trazer os corpos em seus trabalhos, de forma tanto harmônica quanto naquela de protesto.

Composta em traços curvilíneos em nanquim e guache, a série Torso talvez seja um dos pontos altos da figuração da artista: seus traços são precisos. Há algo de controle, mas também de afago na maneira em que os corpos nus se relacionam sobre o papel. Podemos ler, também, como parte de uma geografia teresiniana, cujo próprio corpo ela considera “(...) como um rio. Brota das terras altas dos Araxás, serpenteia as montanhas de Minas e vai correndo versus o mar”.

[EN]
A contester of sexist practices in the relationships that surrounded her, Teresinha Soares never stopped fighting against the high rates of feminicide that have always plagued our country. As much as she has aesthetically evidenced herself in later works, as in Acontecências (1966-67), Teresinha never stopped bringing the bodies in her works, in a harmonic way as much as in protest.
Composed in curvilinear traces in china ink and gouache, the Torso series is perhaps one of the high points of the artist's figuration: her lines are cold and precise. There is something of control, but also of tenderness in the way the naked bodies relate to each other on paper. We can also read it as part of a teresian geography, whose body itself she considers "(...) like a river. It springs from the high lands of Araxás (her homeland), meanders through the mountains of Minas and flows towards the sea".