Teresinha Soares Brasil, b. 1927
Ele tocou as Cordas do Meu Coração, 1967
Tinta vinílica sobre madeira recortada e lâmpadas [Vinyl paint on cut-out wood and lamps]
93 x 54.5 x 14 cm [36 1/2 x 21 1/2 x 5 1/2 in.]
TES-0141
[PT] São três os trabalhos de Teresinha Soares em Um alegre teatro sério que exploram diferentes suportes para além da tela. Logo em 1967, Ele tocou as cordas de meu...
[PT]
São três os trabalhos de Teresinha Soares em Um alegre teatro sério que exploram diferentes suportes para além da tela. Logo em 1967, Ele tocou as cordas de meu coração fez parte da seleção de obras de Teresinha que participaram da IX Bienal de São Paulo. Posta vis-à-vis com vários artistas pop nova-iorquinos, a obra faz parte do momento no qual o termo “pop” começou a conquistar seu espaço no Brasil, através de uma tradução singular. A partir de uma assemblage construída de madeira policromada e objetos industriais, o espectador é convidado a acionar um mecanismo simples que toca um sino no corpo de um violão destampado, cujas cordas foram substituídas por uma figura de triplo perfil: uma face nos olha de frente, mas pelas beiras há ainda dois perfis, distantes, que aludem não apenas à fusão entre os corpos eróticos, mas também à natureza fugidia do desejo.
Tanto em Ele tocou as cordas do meu coração quanto em O jogo do desencontro, Teresinha estabelece um diálogo com Rubens Gerchman, artista brasileiro com quem conviveu e que também utilizou-se das box-forms, reunindo imagens com palavras. O jogo do desencontro, elaborado com um repertório tátil, apresenta as dificuldades presentes nas relações amorosas hetero-normativas. Somos espectadores de uma cena romântica que oferece situações que estão contidas no que é proibido, e onde o desencontro está presente na medida em que somos convidados a levantar a pequena portinhola que apresenta “o marido com a outra”, conforme se lê na inscrição da obra. Ao mesmo tempo, pela paleta de cores presente na madeira recortada e pelo convite à trabalharmos a própria obra, temos, de novo, a quebra da bi-dimensionalidade - a obra nos convida à adentrá-la, como se estivessemos prestes a entrar em um picadeiro de um jogo proibido, como espectadores de primeira fileira.
[EN]
There are three works by Teresinha Soares in Um alegre teatro sério that explore different supports beyond the canvas. As early as 1967, Ele tocou as cordas de meu coração (He played the strings of my heart) was part of Teresinha's selection of works to participate in the IX Bienal de São Paulo. Placed vis-à-vis with several New York pop artists, the work is part of the initial moment when the term "pop" began to conquer its space in our lands, although in a context different from the American one. From an assemblage constructed from polychrome wood and industrial objects, the spectator is invited to activate a simple mechanism that rings a bell on the body of an uncovered guitar, whose strings have been replaced by a figure with a triple profile: one face stares us in the face, but around the edges there are still two profiles, distant, alluding not only to the fusion between erotic bodies, but also to the elusive nature of desire.
Both in Ele tocou as cordas do meu coração (He played the strings of my heart) and in O jogo do desencontro (The game of missing each other), Teresinha establishes a dialogue with Rubens Gerchman, a Brazilian artist with whom she coexisted and who also used box-forms and brought together images with words. O jogo do desencontro, elaborated with a tactile repertoire, presents the difficulties present in hetero-normative love relationships. We are spectators of a romantic scene that offers situations that are contained in what is forbidden, and where the disencounter is present to the extent that we are invited to lift the small door that presents "the husband with the other one," as we read in the inscription of the work. At the same time, by the color palette present in the cut out wood and by the invitation to work the work itself, we have, again, the break of the bi-dimensionality - the work invites us to enter it, as if we were about to enter an arena of a forbidden game, as front row spectators.
(Eduardo Vasconcellos)
São três os trabalhos de Teresinha Soares em Um alegre teatro sério que exploram diferentes suportes para além da tela. Logo em 1967, Ele tocou as cordas de meu coração fez parte da seleção de obras de Teresinha que participaram da IX Bienal de São Paulo. Posta vis-à-vis com vários artistas pop nova-iorquinos, a obra faz parte do momento no qual o termo “pop” começou a conquistar seu espaço no Brasil, através de uma tradução singular. A partir de uma assemblage construída de madeira policromada e objetos industriais, o espectador é convidado a acionar um mecanismo simples que toca um sino no corpo de um violão destampado, cujas cordas foram substituídas por uma figura de triplo perfil: uma face nos olha de frente, mas pelas beiras há ainda dois perfis, distantes, que aludem não apenas à fusão entre os corpos eróticos, mas também à natureza fugidia do desejo.
Tanto em Ele tocou as cordas do meu coração quanto em O jogo do desencontro, Teresinha estabelece um diálogo com Rubens Gerchman, artista brasileiro com quem conviveu e que também utilizou-se das box-forms, reunindo imagens com palavras. O jogo do desencontro, elaborado com um repertório tátil, apresenta as dificuldades presentes nas relações amorosas hetero-normativas. Somos espectadores de uma cena romântica que oferece situações que estão contidas no que é proibido, e onde o desencontro está presente na medida em que somos convidados a levantar a pequena portinhola que apresenta “o marido com a outra”, conforme se lê na inscrição da obra. Ao mesmo tempo, pela paleta de cores presente na madeira recortada e pelo convite à trabalharmos a própria obra, temos, de novo, a quebra da bi-dimensionalidade - a obra nos convida à adentrá-la, como se estivessemos prestes a entrar em um picadeiro de um jogo proibido, como espectadores de primeira fileira.
[EN]
There are three works by Teresinha Soares in Um alegre teatro sério that explore different supports beyond the canvas. As early as 1967, Ele tocou as cordas de meu coração (He played the strings of my heart) was part of Teresinha's selection of works to participate in the IX Bienal de São Paulo. Placed vis-à-vis with several New York pop artists, the work is part of the initial moment when the term "pop" began to conquer its space in our lands, although in a context different from the American one. From an assemblage constructed from polychrome wood and industrial objects, the spectator is invited to activate a simple mechanism that rings a bell on the body of an uncovered guitar, whose strings have been replaced by a figure with a triple profile: one face stares us in the face, but around the edges there are still two profiles, distant, alluding not only to the fusion between erotic bodies, but also to the elusive nature of desire.
Both in Ele tocou as cordas do meu coração (He played the strings of my heart) and in O jogo do desencontro (The game of missing each other), Teresinha establishes a dialogue with Rubens Gerchman, a Brazilian artist with whom she coexisted and who also used box-forms and brought together images with words. O jogo do desencontro, elaborated with a tactile repertoire, presents the difficulties present in hetero-normative love relationships. We are spectators of a romantic scene that offers situations that are contained in what is forbidden, and where the disencounter is present to the extent that we are invited to lift the small door that presents "the husband with the other one," as we read in the inscription of the work. At the same time, by the color palette present in the cut out wood and by the invitation to work the work itself, we have, again, the break of the bi-dimensionality - the work invites us to enter it, as if we were about to enter an arena of a forbidden game, as front row spectators.
(Eduardo Vasconcellos)
Exhibitions
Teresinha Soares: Um Alegre Teatro Sério. Gomide&Co: São Paulo, 24 de maio a 29 de julho de 2023 [May 24th to July 29th, 2023]Quem tem medo de Teresinha Soares? Museu de Arte de São Paulo - MASP: São Paulo, 27 de abril a 6 de agosto de 2017 [April 27th to August 6th, 2017]
Teresinha Soares. Galeria de Arte Encontro: Brasília, 09 a 23 de outubro de 1968 [October 09th to 23rd, 1968]
9ª Bienal de São Paulo. Fundação Bienal de São Paulo: São Paulo, 22 de setembro de 1967 a 8 de janeiro de 1968 [September 22th 1967 to January 8th, 1968]
Literature
Quem tem medo de Teresinha Soares? São Paulo: Museu de Arte de São Paulo - MASP, 2017 - p. 63Teresinha Soares: depoimentos. Belo Horizonte: C/Arte, 2011 - p. 58