![Megumi Yuasa, Sem título [Untitled], Década de 1990 [1990's]](https://artlogic-res.cloudinary.com/w_1600,h_1600,c_limit,f_auto,fl_lossy,q_auto/artlogicstorage/bergaminandgomide/images/view/fc8f9eacaa3f1dc4e1e56b97e6677962j/gomide-co-megumi-yuasa-sem-t-tulo-untitled-d-cada-de-1990-1990-s.jpg)
Megumi Yuasa Brasil, b. 1938
[PT]
Megumi Yuasa apresenta em sua vasta produção alguns eixos que o acompanham por toda sua trajetória. São recorrentes as suas árvores, que remetem à figueira de sua infância. Também o acompanham por décadas os seus espássaros, esculturas verticais multiformes. No entanto, é interessante entender as particularidades das obras em relação ao contexto que Megumi estava inserido.
Desde o final de 1988, por exemplo, o artista passou a trabalhar como mestre ceramista na fábrica da Cerâmica Aruan, de Gilberto Daccache, no município de Itu. A ele foi reservado um canto na fábrica onde modelava suas peças e ensinava o ofício aos jovens operários que faziam utilitários. Nesse período, queimava suas peças junto às demais que a fábrica produzia. Afloradas da combustão, as peças de argila rugosa eram tingidas, como verdadeiras “pinturas sobre cerâmicas”, como o próprio artista atestava essa sua incursão. Ali foram produzidas até o início da década de 1990 inúmeras peças como pratos ou outras formas côncavas que em si continham uma paleta marcada por tons fortes que se contrapunham ao plano escuro que envolvia a peça, sempre com forte linguagem geométrica.
Inteiramente dominante de seus meios, o universo de Megumi se amplia para novos horizontes. Persiste, é verdade, o aproveitamento de contornos e objetos naturais (seixos, nuvens, árvores) como elementos fundantes, constitutivos de seu repertório formal, mas também passa a trabalhar com alusões cenográficas, arquitetônicas, festivas, entre outras. Notável ainda é a justaposição, pelo metal, de valor específico dedicado à obra, deixando de ser um mero suporte para assumir peso próprio no plano de representação do ceramista, que foge ao tradicionalismo na cerâmica, justamente por incorporar metais, óxidos e cinzas na feitura de seus trabalhos. À maneira de muitos artistas que trabalham com tótens, Megumi eleva as obras através da sobreposição de diferentes formas. O tratamento da superfície é atingido através de pontos de relevo que formam, em sua parte frontal, desenhos de triângulos, quadrados ou círculos, doando assim uma atmosfera onírica às obras do artista.
[EN]
In his vast production, Megumi Yuasa presents certain axes that have accompanied him throughout his career. His trees, which recall the fig trees of his childhood, are a recurring theme. His espássaros, with a multiform vertical sculpture, have also been with him for decades. However, it's interesting to understand the particularities of his works in relation to the context in which Megumi found himself.
Since the end of 1988, for instance, the artist has been working as a master ceramist at Gilberto Daccache's Cerâmica Aruan factory in Itu, Sao Paulo's innerland. He was given a spot in the factory where he modeled his pieces and taught the craft to the young workers who used to make utilitarian objects. During this time, he burned his pieces alongside the factory production. The wrinkled clay pieces were dyed, as true "paintings on ceramics", as the artist himself attested to his foray. Numerous pieces were produced there until the early 1990s, such as plates or other concave shapes with a palette marked by strong tones in contrast with the dark surface that surrounded the piece, always of a strong geometric language.
Entirely dominant in his mediums, Megumi's universe expands to new horizons. It is true that he continues to use natural contours and objects (pebbles, clouds, trees) as foundational elements, constituting his formal repertoire, but he also begins to work with scenic, architectural and festive allusions, among others. Also notable is the juxtaposition, by the metal, of specific value dedicated to the work, ceasing to be a mere support and taking on its own weight in the ceramist's plane of representation, which escapes traditionalism in ceramics, precisely because it incorporates metals, oxides and ashes in the making process of its work. Like many artists who work with totem poles, Megumi elevates his works by superimposing different forms. The treatment of the surface is achieved through relief points that form, on their front side, designs of triangles, squares or circles, thus giving the artist's works a dreamlike atmosphere.