O tratamento que Alex Cerveny dá à pintura não se encerra na ordem do simbólico, mas na pura interlocução entre as diferentes referências que suas obras evocam. Alimentando-se da história da arte, das religiões, literatura, música, além da cultura contemporânea, dos jornais e novelas, Cerveny elaborou um vocabulário próprio, afetivo e que consolida suas memórias através da composição fragmentada de um tempo líquido.

Em suas pinturas realizadas sobre kevlar – fibra sintética impenetrável – o movimento do pincel ocorre de modo diferenciado, carregando a superfície de uma textura suave. O tratamento gráfico dado às figuras é um desdobramento da pesquisa de Cerveny e apresenta o ser humano rodeado de formas espiraladas e curvilíneas, mais próximas da memória e da nostalgia do que da realidade. Sobre uma paisagem desértica, elas evocam uma temporalidade onírica, da ordem do subconsciente, trazendo pequenas revelações à superfície da pintura, que assume um vocabulário surrealista.

Alex Cerveny's treatment of the surface does not conclude in the order of the symbolic, but in the pure interlocution between the different references that his works evoke. Feeding himself with the history of art, religions, literature, and music, besides contemporary culture, newspapers, and novels, Cerveny has elaborated his own affective vocabulary, which consolidates his memories through the fragmented composition of a liquid time.

In his paintings on kevlar – an impenetrable synthetic fiber – the movement of the brush occurs differently, loading the surface with a smooth texture. The graphic treatment given to the figures is an unfolding of Cerveny's research and presents the human being surrounded by spiral and curvilinear forms, closer to memory and nostalgia than to reality. On a desert landscape, they evoke a dreamlike temporality, in the order of the subconscious, bringing small revelations to the surface, which takes on a surrealist vocabulary.