León Ferrari

Novo artista representado
A Fortes D’Aloia & Gabriel e a Gomide&Co têm o prazer de anunciar a representação conjunta do acervo de León Ferrari (Buenos Aires, 1920 – 2013). Um dos mais importantes artistas do século XX, Ferrari desenvolveu uma obra provocativa, singular, escorada na experimentação com suportes e materiais, e de forte cunho político. Herdeira da imaginação surrealista, sua produção dialogou com a abstração, com a pop art e foi pioneira no conceitualismo latino-americano.
 
A co-representação de Ferrari propõe uma atualização de seu legado. Juntas, as galerias visam ampliar o alcance e a influência de sua obra no debate contemporâneo. A Fortes D’Aloia & Gabriel apresenta na Paris+ par Art Basel, em outubro, uma seleção de obras de Ferrari em diálogo com artistas jovens de seu programa. A Gomide&Co, por sua vez, levará trabalhos pontuais de Ferrari para seu stand em Art Basel Miami Beach, em dezembro.
 
Constantemente questionando o autoritarismo latino-americano, Ferrari é uma referência na arte de contestação. O seu anticlericalismo subverte figuras sacras para denunciar o papel da igreja católica na violência política sistemática levada a cabo em nome do dogmatismo religioso. Pelo seu ativismo em defesa dos direitos humanos, o artista foi perseguido pela ditadura militar argentina e exilou-se no Brasil na década de 1970, período em que estabeleceu relações intensas e produtivas com artistas e intelectuais brasileiros.  
 
Ferrari referia-se a suas esculturas de arame dos anos 1960 como “jaulas para prender generais”. Essas estruturas intrincadas pautaram posteriormente seus trabalhos caligráficos, nos quais levou o texto escrito a uma ilegibilidade gráfica radical. Em 1965, produziu uma de suas obras mais notórias, La Civilización occidental y Cristiana, em que pregou Cristo a um caça militar da força aérea estadunidense. Durante seus “anos paulistas” (1976-1984),  experimentou com trabalhos impressos, malhas urbanas labirínticas e enxames de figuras anônimas, fase que ele depois chamou de “arquitetura da loucura”. Nos anos 1980, interveio sobre pinturas clássicas do renascimento com excremento de pombo e compôs colagens justapondo imagens sacras a fotografias de equipamento militar e cenas de destruição bélica. Baseando-se na apropriação herética do imaginário religioso, Ferrari continuou a produzir assemblages, incorporando materiais como ossos de poliuretano, fazendo colagens e esculturas até os seus últimos anos.
 
La Aimable Cruauté, ampla exposição retrospectiva dedicada à obra de León Ferrari, foi apresentada no Centre Pompidou (2022, Paris) e no Reina Sofia (2021, Madrid) e no Van AbbeMuseum (Eindhoven, 2022)..  No Brasil,o Museu de Arte de São Paulo exibiu, em 2016, a individual León Ferrari: Entre duas ditaduras. Em 2009 o MoMA (Nova York) dedicou uma exposição aos trabalhos de Ferrari e Mira Schendel, exibida também no Reina Sofia (Madrid, 2013) e na Fundação Iberê Camargo (Porto Alegre, 2010). Entre 2004 e 2005, o Centro Cultural Recoleta mostrou a Retrospectiva León Ferrari em Buenos Aires, exibida também pela Pinacoteca do Estado de São Paulo em 2009. O artista recebeu o Leão de Ouro na Bienal de Veneza em 2007.
 
Agradecemos à família Ferrari e à Fundación Augusto y León Ferrari Arte y Acervo.
Outubro 6, 2022