Com textos de mais de 20 autores, “No labirinto do sonho – 50 anos da Oficina Francisco Brennand” historiciza, discute e traz novos prismas ao espaço criado por Francisco Brennand
A obra, editada pela equipe do museu, proporciona uma reflexão sobre meio século de um dos espaços artísticos mais emblemáticos do País, a partir de uma perspectiva porosa, capaz de engendrar um pensamento contemporâneo ao legado do ceramista, muralista, escultor, pintor, desenhista e escritor pernambucano, criador do espaço-monumento ao qual dedicou boa parte da sua vida, entre a Olaria, o Ateliê e os espaços abertos.
A publicação foi organizada por Ariana Nuala (gerente de educação e pesquisa da Oficina), Júlia Rebouças (ex-diretora artística da instituição) e Olívia Mindêlo (gerente artística do museu) e chega agora às prateleiras como fruto da consolidação da Oficina Francisco Brennand como instituto, criado em 2019, pouco antes da morte do seu patrono (1927-2019). O livro assinala ainda um ciclo comemorativo iniciado em 2021, ano oficial do cinquentenário, mas vai além da data, costurando diferentes tempos e olhares, a partir de um conteúdo de textos e imagens de gêneros e estilos distintos, inéditos ou em reedição.
Afastando-se de uma cronologia linear, “No Labirinto do Sonho” adota uma perspectiva de espiral, tomando emprestado a própria ideia de “labirinto de esculturas” criada pelo artista, enquanto erguia sua Oficina, e atualizando-a a partir das múltiplas entradas que compõem essa história desde ontem, ou hoje. “Esse não é um catálogo institucional, no sentido estrito do termo. É um livro para leitura, pesquisa e contemplação; um produto editorial pensado em profundidade e amplitude, e que fala da Oficina e dos muitos temas que a atravessam há mais de 50 anos. Abordando diferentes olhares para esse lugar, trazemos uma reflexão contemporânea, falando sobre vários tempos e assuntos que envolvem esse espaço de criação e difusão. É um material que lança uma mirada artística, autoral e crítica sobre seu objeto”, afirma Olívia Mindêlo, coordenadora editorial do livro e gerente artística da instituição.
Com projeto gráfico assinado por Elaine Ramos (Cosac Naify, Ubu Editora), o volume adensa excelência editorial e visual para contar a trajetória de uma instituição de arte cuja história é única no Brasil, indo do percurso industrial ao artístico. Para tanto, é composto por textos de autores com diferentes atuações e saberes no segmento cultural.
O livro é dividido em quatro tomos, a partir de um único volume. São eles: “A ruína como princípio”, “Um fio que tudo perpassa”, “O poder do fogo e das formas” e “Um chamamento de arco”, que, em conjunto ou em separado, fazem um franco convite à imersão na complexidade, nas nuances e nas transformações da Oficina. A publicação é costurada ainda pelos escritos de Francisco Brennand, através de fragmentos originais do seu Diário e de entrevistas, impressos nas aberturas dos tomos e nos ensaios visuais do livro.
Comissionados pela Oficina e realizados no espaço, em diferentes épocas, os ensaios visuais compõem cadernos autorais de fotografias ao fim de cada tomo, assinados por Fritz Simons (1970-1980), Mauro Restiffe (2021), Ruy Teixeira (2021) e Sofia Borges (2021), respectivamente. Resultado de uma curadoria criteriosa da equipe do livro, os conjuntos amarram editorialmente o livro em sua pluralidade e autoralidade.