![Mira Schendel, Sem título [Untitled], 1975](https://artlogic-res.cloudinary.com/w_1800,h_1320,c_limit,f_auto,fl_lossy,q_auto/artlogicstorage/bergaminandgomide/images/view/62bd26e3c3fc1beb6702514dd2df18fcj/gomide-co-mira-schendel-sem-t-tulo-untitled-1975.jpg)
Mira Schendel Suíça, 1919-1988
Com moldura [Framed]: 38.7 x 32.8 cm [15 x 13 in.]
PT
A partir de 1970, Mira Schendel passou a explorar sistematicamente a estrutura das mandalas em sua produção, investigando suas possibilidades gráficas e simbólicas. Em sânscrito, “mandala” significa círculo e, nas tradições orientais, refere-se a imagens meditativas que organizam o olhar em direção a um centro. No budismo tibetano, a mandala funciona como instrumento de culto (iantra), facilitando a concentração por meio de formas concêntricas. Nesse período, Mira se aproximou do misticismo, da filosofia oriental e da psicologia analítica, especialmente da noção de individuação desenvolvida por Carl Gustav Jung. Entendia a arte como meio de ordenar experiências interiores e acessar dimensões simbólicas da subjetividade.
As obras de 1975, realizadas com aquarela, caneta hidrográfica e colagem sobre papel, apresentam composições rigorosas, construídas a partir de formas geométricas puras — círculos, quadrados, losangos e elipses — que se organizam em torno de centros luminosos. A leitura de Jung reforçou o interesse de Mira pelas tradições orientais, já perceptível desde os anos 1960, instigando-a tanto artisticamente quanto espiritualmente. Suas mandalas operam como dispositivos de contemplação e autoconhecimento, nos quais a forma visual agencia processos de transformação psíquica e espiritual. Não são, portanto, produtos do inconsciente onírico, mas de uma imaginação ativa voltada à integração psíquica e espiritual. Como observou o crítico Geraldo Souza Dias, Mira “procura uma ordenação do espaço por meio de estruturas circulares e concêntricas”.
From 1970 onwards, Mira Schendel began to systematically explore the structure of mandalas in her work, investigating their graphic and symbolic possibilities. In Sanskrit, “mandala” means circle and, in Eastern traditions, refers to meditative images that organize the gaze toward a center. In Tibetan Buddhism, the mandala functions as an instrument of worship (yantra), facilitating concentration through concentric forms. During this period, Mira became interested in mysticism, Eastern philosophy, and analytical psychology, especially the notion of individuation developed by Carl Gustav Jung. She understood art as a means of ordering inner experiences and accessing symbolic dimensions of subjectivity.