Tiago Mestre nasceu e cresceu em Beja, no Baixo Alentejo, sul de Portugal. Desde cedo, teve contato com a produção de cerâmica típica das oficinas de oleiros da região. Seu pai trabalhava no Museu Rainha Dona Leonor, um museu regional de arte antiga situado em um antigo mosteiro do século XV. Nesse contexto formativo, Mestre teve acesso a um vasto repertório de imagens arqueológicas e históricas, fruto da convivência com o trabalho do pai — referências que permanecem vivas em sua abordagem como artista plástico.
Em 2001, formou-se em Arquitetura pela Faculdade de Arquitetura de Lisboa. Em 2008, integrou o Programa Independente de Estudos de Artes Visuais da MAUMAUS e, em 2009, concluiu o Curso Avançado em Pintura da Ar.Co (Lisboa, Portugal). Em 2016, tornou-se mestre em Arquitetura pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP).
Radicado em São Paulo há cerca de doze anos, Mestre desenvolveu seu trabalho entre a pintura, a escultura e a instalação, meios através dos quais explora sua formação inicial em arquitetura incorporada às linguagens da arte contemporânea. Complementar à sua formação, realizou residências em instituições brasileiras e internacionais, como a Oficinas do Convento (Montemor-o-Novo, em Portugal); a Troy Town Art Pottery e a Gasworks, com a bolsa Fundação Calouste Gulbenkian (Londres, 2019); a Kaaysá – Art Residency (Boiçucanga, 2018); a PIVÔ Arte e Pesquisa (São Paulo, 2016), entre outras.
Seu trabalho investiga a ideia de deslocamento, tanto em termos de disciplina quanto de território. Suas esculturas e instalações refletem sua condição de artista português vivendo e trabalhando no Brasil, e se ancoram em uma tradição secular marcada pelo passado colonial entre os dois países. Através de procedimentos críticos voltados à materialidade, à elaboração e aos modos de apresentação, sua obra explora os fluxos humanos e artísticos que atravessam essa relação histórica.
Utilizando materiais como argila, bronze, gesso e tinta a óleo, seu trabalho estabelece uma relação contínua entre projeto e imprevisibilidade, entre programa e liberdade expressiva. Suas pinturas e esculturas compartilham procedimentos técnicos e modos de exibição, configurando-se mais como sistemas investigativos do que como obras definidas por gêneros ou estatutos fixos.
Entre suas exposições individuais, destacam-se: Fogo Fumo, na Gomide&Co (São Paulo, 2025); Realismo, no projeto Uma Certa Falta de Coerência (Porto, 2024); Feu, no ZSenne ArtLab (Bruxelas, 2024); Céu, Terra, no Museu Aberto (Monsaraz, Portugal, 2024); Sun, sun, sun e Empire na LAMB Gallery (Londres, respectivamente em 2024 e 2023); Boa tarde às coisas aqui embaixo, no Olhão e realizada com Dudi Maia Rosa (São Paulo, 2020); Noite. Inextinguível, inexprimível noite. Na Galeria Millan (São Paulo, 2017); La Californie, no Centro Cultural São Paulo – CCSP (São Paulo, 2016); All the Things You Are, na Kunsthalle São Paulo (São Paulo, 2014), entre outras.
Entre coletivas recentes, destacam-se Terra, na Claraboia (São Paulo, 2025); Inatividade contemplativa | Projeto GAS - 5ª edição, na Anita Schwartz Galeria de Arte (Rio de Janeiro, 2025); Eu sou devedor à terra, no Museu Aberto (Monsaraz, Portugal, 2024); Ervas Daninhas, na Quadra Galeria (São Paulo, 2024); Pequenas pinturas, no auroras (São Paulo, 2022); Barefoot, na Large Glass Gallery (Londres, 2019); Smog – Projeto Kubikulo, na Kubik Gallery (Porto, 2019); Raid_8, na Galeria Raquel Arnaud (São Paulo, 2016); Festival Arte Atual – Coisas sem Nomes, no Instituto Tomie Ohtake (São Paulo, 2015), entre outras.