Marcelo Cipis Brasil, 1959

Marcelo Cipis nasceu na cidade de São Paulo, em 1959. Formado em arquitetura pela FAU USP, inicia suas atividades como ilustrador editorial em 1977. Em 1982, vive uma temporada transformadora na Europa, após visitar diversos museus passa a ver a pintura como nunca havia visto antes, se apaixona pelo aspecto pictórico, pelos traços, pinceladas, e a singularidade que difere a pintura da obra gráfica e das reproduções de livros e revistas. Ali, decide que quer trabalhar como artista visual, no sentido mais amplo da palavra. De volta a São Paulo, começa um acompanhamento de pintura com Dudi Maia Rosa. Participa de salões de arte contemporânea e realiza suas primeiras exposições individuais, no entanto, permanece fazendo ilustrações, que ilustram importantes revistas e livros ao longo de anos, fazendo grande sucesso.

 

Em 1991, apresenta a icônica instalação “Cipis Transworld Art Industry & Commerce” na 21ª Bienal Internacional de São Paulo, onde cria um estande de uma empresa multinacional fictícia. A ideia surge de maneira não intencional, a partir de uma brincadeira para a criação de um mundo paralelo, como um autorretrato em que seu nome se configura elemento a ser explorado graficamente. Cipis produz na instalação obras-objetos, produtos e anúncios que levam seu nome como marca, de forma a efetivar a originalidade de sua obra, em uma linguagem claramente neoneodada e pós-pop.

 

De acordo com a curadora Valéria Piccoli, a “Cipis Transworld tornou-se um divisor de águas na obra do artista. Conduzir um processo especulativo a tal ponto de radicalismo teve suas consequências e exigiu dele um novo posicionamento. Levar a diante a proposta implicava, de certo modo, abandonar a linha da pintura. O caminho escolhido pelo artista, foi virar (ao menos momentaneamente) a página das especulações em torno da marca do artista, da obra de arte como um mero objeto de consumo – e todas as implicações decorrentes de sua postura irônica e provocadora – e retomar uma questão que lhe pareceu mais desafiadora no momento: é possível ser artista valendo-se apenas da tela, do pincel, da forma e da cor?”

 

Em 2014, faz a série “Marcelo Cipis Commercial e Fine Arts”, assumindo de forma mais radical seu trabalho como artista visual inserido no mercado da arte, ali afirma sua presença efetivamente. Produz obras como a tela do MoMA, do TATE, e um rosto em que está escrito Fine Arts.

 

Em 2017, participa da exposição coletiva “Fábula, frisson, melancolia” no Instituto Tomie Ohtake em São Paulo. De acordo com o curador Paulo Miyada, “Cipis dedica especial atenção às cores e suas combinações tonais. Seu colorismo pode atuar nos preenchimentos dos campos, nas linhas do desenho ou mesmo constituir a sintaxe inteira de uma pintura. Mesmo no conjunto reunido na exposição, em que há evidente predomínio do preto e branco e da tela crua, as cores não deixam de afirmar sua presença. Em vibração esmaecida, elas pontuam os espaços pictóricos com carga afetuosa e algo sensual. Tornam o percurso do olhar algo macio e atenuam os aspectos histriônicos do universo narrativo evocado pela Cipis Transworld.”

 

Em 2019, Marcelo Cipis lançou junto à Bergamin & Gomide a série “Drops”. Inspirado pelas antigas “Misturinhas”, são telas de pequeno formato e cores vibrantes, quadradas, assim como os drops Dulcora, bala famosa durante as décadas de 1960 e 1970. As obras resgatam memórias de sua infância e de sua trajetória, afirmam o bom-humor, a abstração, o figurativo, a gestualidade, e consolidam sua criatividade singular. Como já dizia o famoso jingle da bala: “Quadradinhos embrulhadinhos um a um, você quer um, você quer um?”.