Julia Isidrez Paraguai, 1967

Julia Isidrez aprendeu com sua mãe, Juana Marta Rodas (1925-2013), a trabalhar com o barro, ofício ao qual se dedica profissionalmente. Tanto a mãe quanto a filha honram uma tradição centenária, cujas raízes remontam ao período pré-colombiano do Paraguai, seguindo técnicas de seus antepassados Guarani. Sua cidade natal é um centro de produção ceramista de caráter próprio, com sustentação na experiência indígena, mais especificamente Guarani, povo que cultiva a tradição das artes do barro, caracterizada inicialmente pela produção de urnas funerárias e vasos votivos. Tais conhecimentos, transmitidos de forma geracional, se adaptaram aos desafios provindos das mudanças derivadas da colonização, pelas urgências da modernidade e pelos conflitos da globalização.

As obras de Isidrez concentram-se numa padronagem de figuras que vão além dos cântaros e vasilhas, incorporando reproduções de animais característicos de sua região. Suas peças, com variadas protuberâncias e concavidades caprichosas, transformam e alteram os aspectos típicos dos animais retratados, trazendo todo um vocabulário visual que desvela a história da artista, muito motivada pela sua mãe, e que tanto influencia os ceramistas de sua região. Todo o trabalho é realizado com colaboração de familiares e parceiros que trabalham junto à artista na Casa Museo Arte en Barro: Julia Isidrez e Juana Marta Rodas, espaço onde leciona e cria suas peças.

Expondo junto a sua mãe desde cedo, o trabalho de Julia Isidrez foi apresentado, entre individuais e coletivas, em instituições como o Museo del Barro (Assunção, Paraguay, 1998, 1999); Bienal do Mercosul (Porto Alegre, Brasil, 1999); 35ª Mostra Internacional de Artesanato Tradicional (Santiago, Chile, 2008); Trienal de Santiago (Santiago, Chile, 2009); dOCUMENTA 13 (Kassel, Alemanha, 2012), Museo Nacional de Bellas Artes (Buenos Aires, Argentina, 2015); Galeria Millan (São Paulo, Brasil, 2017); Seoul Museum of Art (Seoul, Coreia do Sul, 2017); Centro Cultural del Lago (Areguá, Paraguay, 2021); Kasmin Gallery (Nova Iorque, EUA, 2023), entre outras. A obra da artista está selecionada para compor a 60ª Biennale di Venezia, intitulada Stranieri Ovunque (Estrangeiros em todo lugar) e curada por Adriano Pedrosa. Suas obras compõem as coleções da Fondation Cartier Pour l’Art Contemporain (Paris, França), do Denver Art Museum (Denver, Estados Unidos) e do Museo del Barro (Assunção, Paraguay).